As Vocações Cristãs
Observando “quem somos nós” em nossa origem, história e destino, abrimos as portas para um adequado entendimento das vocações cristãs do celibato e do casamento. Ambas vocações são autênticas “vivências” da mais profunda verdade sobre quem somos nós enquanto homens e mulheres.
Quando vivido de forma autêntica, o celibato cristão não é uma rejeição da sexualidade e seu chamado à união. Ele na verdade aponta para sua máxima realização. Aqueles que sacrificam o casamento “pela causa do Reino” (Mt 19,12) assim o fazem para dedicar todas as suas energias e desejos ao único casamento que é capaz de satisfazer — o casamento entre Cristo e sua Igreja. De certo modo, eles estão “pulando” o sacramento (o sinal terreno) em antecipação da realidade última. Fazendo isso, homens e mulheres celibatários declaram ao mundo que o Reino de Deus está aqui (cf. Mt 12,28).
De uma forma diferente, o casamento também antecipa o céu. “Nas alegrias de seu amor Deus dá o casamento aqui na terra como um antegozo do festim de núpcias do Cordeiro” (C.I.C., §1642). Por quê, então, tantos casais vivem o casamento como se estivessem “vivendo no inferno”? Para que o casamento possa trazer a felicidade, os esposos precisam vivê-lo como Deus queria “desde o princípio”. Isto significa que eles precisam lutar diligentemente com os efeitos do pecado.
O casamento não justifica a luxúria, a concupiscência. Como sacramento, o casamento destina-se a simbolizar a união entre Cristo e a Igreja (cf. Ef 5,31-32). O corpo possui uma “linguagem” que se destina a expressar o amor livre, total, fiel, e fecundo de Deus. É exatamente com isso que os esposos se comprometem no altar. “Vocês vieram aqui por livre e espontânea vontade”, o padre pergunta, “para darem-se um ao outro sem reservas? Vocês prometem ser fiéis até a morte? Vocês prometem receber com amor os filhos que Deus vos der?”. Noiva e noivo respondem: “Sim”.
Portanto, os esposos são destinados a expressar este mesmo “sim” com seus corpos uma vez que se tornam uma só carne. “Certamente as próprias palavras ‘Eu te recebo como minha esposa - meu marido’”, diz o Papa, “somente podem ser realizadas por meio da relação conjugal” (05/01/1983). A união sexual é destinada a ser a renovação dos votos matrimoniais.
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