“É ilusão pensar que se pode construir uma verdadeira cultura da vida humana se não… compreendermos e vivermos a sexualidade, o amor e toda a existência de acordo com seu verdadeiro sentido e na sua íntima correlação.” Assim diz João Paulo II em O Evangelho da Vida (n. 97). A relação sexual é a rocha de fundação da própria vida humana. A família – e, por isso, a própria cultura – surge desta relação. Em resumo, como o sexo flui, assim fluem o casamento e a família. Como o casamento e a família fluem, assim flui a civilização.
Tal lógica não é bem refletida pela nossa cultura. Não é exagero dizer que a meta do século XX foi livrar-se da ética sexual cristã. Se pretendemos construir uma cultura da vida, a meta do século XXI tem que ser recuperá-la. Mas a abordagem dos velhos manuais morais não estão conquistando a opinião de nossos conhecidos, amigos e colegas. Nós precisamos de uma nova visão teológica que explique a ética sexual da Igreja de forma atraente ao nosso pensamento moderno.
Como mais e mais pessoas estão descobrindo, João Paulo II dedicou o primeiro grande projeto de catequese do seu pontificado – 129 audiências pronunciadas entre setembro de 1979 e novembro de 1984 – desenvolvendo justamente uma tal teologia: uma teologia do corpo. O resultado final é uma revolução não somente para católicos, mas para todos os cristãos e – se os cristãos absorverem-na e viverem-na – para o mundo inteiro. (…)
A Analogia Esponsal e a “Analogia da Fé”
A teologia do corpo de João Paulo II fornece esperança para esta urgentemente necessária renovação dentro da Igreja. Quando nós interpretamos a mensagem do Evangelho por meio da chave da inclinação que ambos, homem e mulher, possuem para viverem em comunhão, não somente a mensagem do Evangelho toma corpo, mas mesmo o mais controverso ensinamento da Igreja – contracepção, divórcio e segunda união, homossexualidade, o sacerdócio masculino, etc., etc. – começa a fazer sentido.
A teologia esponsal demonstra de que forma todas as várias peças do quebra-cabeças do mistério cristão se encaixam com perfeita harmonia. A verdade do catolicismo surge como um “click”, quando é vista através da teologia do corpo. Em outras palavras, através da analogia esponsal nós prestamos atenção à “analogia da fé”, ou seja, à coerência que as verdades da fé possuem entre si e dentro de todo o plano da Revelação, centrado em Cristo (cf. C.I.C., §§ 90, 114 e 158).
É por isso que a teologia do corpo irá conduzir a um comovente desenvolvimento do pensamento sobre a Doutrina. É por isso que o Catecismo fala sobre a imporante conexão entre a integridade sexual, acreditando nos artigos da Doutrina, e compreendendo o mistério que professamos no Credo. Em outras palavras, o Catecismo indica a íntima conexão entre pureza de coração, amor à verdade e ortodoxia da fé (cf. §2518).
Se não for assim, como os últimos 35 anos de oposição demonstraram, o cristianismo desfaz suas costuras – sua lógica interna desmorona e virtualmente qualquer coisa que a Igreja ensina passa a ser contestada – assim que nós nos divorciamos do “grande mistério” da comunhão nupcial revelada através do corpo.
Concluindo
Se é pra “nova evangelização” ter sucesso, nós, filhos e filhas da Igreja, precisamos recuperar o senso de posse de uma mensagem urgentemente importante para a salvação do mundo. Esta mensagem é Evangelho do corpo proclamado por João Paulo II. Quão urgentemente ele é necessário! Se o futuro da humanidade passa pelo caminho do casamento e da família, podemos dizer que o futuro do casamento e da família passa pelo caminho da teologia do corpo de João Paulo II.
Simplificando: não haverá nenhuma renovação da Igreja e do mundo sem que haja antes uma renovação do casamento e da família. E não haverá nenhuma renovação do casamento e da família sem um retorno à plena verdade do plano de Deus para o corpo e para a sexualidade. Além disso, isto não irá ocorrer sem uma nova proposta teológica que demonstre forçosamente aos nossos conhecidos, amigos e colegas como a ética sexual cristã – longe da suposta lista rígida e puritana de proibições – é uma mensagem libertadora de salvação que corresponde perfeitamente aos anseios do coração humano.
É exatamente isso que a teologia do corpo de João Paulo II nos oferece. Como tal, ela nos proporciona o antídoto para a cultura da morte e um fundamento teológico para a nova evangelização. Portanto, eu apelo a você: estude a teologia do corpo do Santo Padre. Assuma a missão de compreendê-la, vivê-la e compartilhá-la com todos os teus conhecidos. Se fizermos isso, juntos, não iremos falhar na missão de renovar a face da Terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário