A Experiência Histórica do Corpo e do Sexo
O pecado original causou a “morte” do amor divino no coração humano. O surgimento da vergonha indica a origem da concupiscência, do desejo erótico vazio do amor de Deus. Homens e mulheres da história agora tendem a buscar “a sensação da sexualidade” dissociada da verdadeira dádiva de si mesmos, dissociada do autêntico amor.
Nós cobrimos nossos corpos não porque eles sejam maus, mas para proteger seu bem inerente da degradação da concupiscência. Uma vez que sabemos que fomos feitos para o amor, sentimo-nos instintivamente “ameaçados” não somente pelo comportamento abertamente luxurioso, como também por um “olhar luxurioso”.
As palavras de Cristo são severas em relação a isto. Ele insiste que se nós olharmos com luxúria para outros, já teremos cometido adultério em nossos corações (cf. Mt 5,28). João Paulo propõe a questão: “Nós temos temor da severidade dessas palavras? Ou ao contrário, confiamos em seu poder salvífico?” (08/10/1980). Estas palavras tem poder para salvar-nosporque o homem que as revela é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Cristo não morreu e surgiu dos mortos simplesmente para nos dar mecanismos contra o pecado. “Jesus veio restaurar a criação à pureza de suas origens” (C.I.C., §2336). Conforme nos abrimos à obra da redenção, a morte e ressurreição de Cristo efetivamente “liberta nossa liberdade da dominação da concupiscência”, como expressa João Paulo (01/03/1984).
Deste lado do céu, sempre somos capazes de perceber uma batalha em nossos corações entre o amor e a concupiscência. Entretanto, João Paulo insiste que “a redenção do corpo” (cf. Rm 8,23) já está trabalhando nos homens e mulheres da história. Isto significa que deixando nossa concupiscência ser “crucificada com Cristo” (cf. Gal 5,24), podemos progressivamente redescobrir o erotismo daquele “sentido nupcial dos nossos corpos” e vivê-lo. Esta “libertação da concupiscência” e a liberdade que ela concede é, de fato, “a condição de toda vida unida à verdade” (08/10/1980).
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