Por Christopher West
“É ilusão pensar que podemos construir uma verdadeira cultura de vida humana se não… aceitarmos e vivenciarmos a sexualidade, o amor e a vida como um todo de acordo com seus verdadeiros significados e finalidades.”
João Paulo II, O Evangelho da Vida (n. 97).
A dimensão sexual é a rocha de fundamentação da vida humana. A família — e, por isso, a própria sociedade humana — emerge dessa dimensão. Em resumo, como o sexo flui, fluem o casamento e a família. Como o casamento e a família fluem, flui a civilização.
Esta lógica parece soar bem para a nossa cultura. Não é exagero dizer que a meta do século XX foi libertar-se da ética sexual cristã. Se desejamos edificar uma “cultura da vida”, a meta do século XXI deve ser corrigir isto.
Mas a abordagem freqüentemente repressiva dos cristãos das gerações passadas (normalmente o silêncio ou, no máximo, “não faça isso”) é amplamente responsável pela rejeição cultural aos ensinamentos da Igreja sobre a sexualidade. Precisamos de uma “nova linguagem” para romper o silêncio e reverter a negatividade. Precisamos de uma teologia nova que explique como a ética sexual cristã — longe da puritana lista de proibições na qual supostamente se tornou — corresponde perfeitamente aos anseios mais profundos dos nossos corações por amor e união.
Como muitas pessoas somente agora estão descobrindo, o Papa João Paulo II dedicou a primeiro grande projeto de catequese de seu pontificado ao desenvolvimento de tal teologia; ele a chama de “teologia do corpo”. Esta coleção de 129 pequenas audiências já iniciaram uma “contra-revolução sexual” que está mudando vidas ao redor do mundo. O “fogo” está se alastrando e podemos esperar para breve repercussões globais.
George Weigel, um biógrafo do Papa, disse muito bem ao descrever a teologia do corpo como “um tipo de bomba relógio teológica programada pra explodir com conseqüências dramáticas… talvez no século XXI” (Witness to Hope, 343).
Uma Resposta para Nossas Questões Universais
Focando a beleza do plano divino para a união dos sexos, João Paulo levou a discussão do legalismo (”Até onde eu posso ir sem infringir a lei?”) para a liberdade (”Qual é a verdade que me torna livre para amar?”). A verdade que nos torna livres é a salvação em Jesus Cristo. Não importa quais erros ou quais pecados tenhamos cometido. A teologia do corpo do Papa não aponta o dedo pra ninguém. É uma mensagem de salvação sexual para toda e qualquer pessoa.
Resumindo, através de uma detalhada reflexão das Escrituras, João Paulo procura responder duas das mais importantes e universais questões: (1) “O que significa ser um humano?” e (2) “Como viver minha vida de uma forma que traga verdadeira felicidade e plena satisfação?”. O ensinamento do Papa, portanto, não fala apenas sobre sexo e casamento. Uma vez que nossa criação como masculino e feminino é o “fato fundamental da existência humana” (13/02/1980), a teologia do corpo fornece “o redescobrimento do significado da totalidade da existência, o sentido da vida” (29/10/1980).
Para responder à primeira questão — “O que significa ser um humano?” — o Papa segue o convite de Cristo para meditar sobre os três diferentes “estágios” da experiência humana da sexualidade e do corpo: em nossa origem antes do pecado (cf. Mt 19,3-8); em nossa históriamanchada pelo pecado e já redimida em Cristo (cf. Mt 5,27-28); e em nosso destino, quando Deus erguerá nossos corpos em glória (cf. Mt 22,23-33).
Em resposta à segunda questão — “Como devo viver minha vida?” — João Paulo aplica seu característico “humanismo cristão” para as vocações do celibato e do casamento. Ele então conclui demonstrando como seu estudo propõe uma nova e vitoriosa explicação do ensinamento da Igreja sobre a moral sexual.
Vamos dar uma breve olhada em cada uma das diferentes seções do ensinamento do Papa. É claro que, em uma pequena introdução como esta, estamos apenas arranhando a superfície dos profundos conhecimentos do Papa. Continua...
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